Quem acompanha esse blog há mais tempo ou já se deu ao trabalho de vasculhar os arquivos já percebeu como o filósofo, jornalista e professor
Olavo de Carvalho é uma presença constante. Eu diria mesmo que é absolutamente fundamental. Explico o porquê.
Li o primeiro texto de Olavo de Carvalho em Março ou Abril de 1999. Na altura eu tinha 16 anos, cria-me cultíssimo e, embora fosse mezzo direitista, por meus conhecimenos de humanidades e principalmente por minha formação familiar, na prática era influenciado por várias teses esquerdistas que me eram impingidas por meus professores de colégio (como a de que o nazi-fascismo era uma corrente de direita, a de que a ditadura militar brasileira foi de uma violência comparável à da ditadura hitlerista, a de que a violência nas cidades e nos campos é causada pela pobreza, a de que a Inquisição foi uma das maiores monstruosidades que já existiram, a de que a Igreja Católica estava repleta de "podres" ao longo da sua história, a de que Mao Tsé-Tung foi, afinal de contas, responsável por um grande desenvolvimento na China; a de que o PSDB é um partido de direita, tal como o PMDB e o antigo PFL; etc).
Era um texto sobre a Revolução de 31 de Março de 1964, que encerrava uma homenagem feitapelo Clube Militar aos 35 anos da Redentora. O folheto fora-me dado por meu pai, que o recebera de um amigo coronel da reserva do Exercito, e narrava o episódio do ponto de vista militar. Era a primeira vez que eu lia algo como aquilo, e esta leitura chacoalhou profundamente minha visão sobre o regime militar brasileiro. O texto de Olavo de Carvalho encerrava o encarte e também me marcou, não só por elogiar certos aspectos do regime mas também por afirmar que, no Brasil, não existe uma direita politicamente organizada. O artigo não o identificava, por isso pensei tratar-se de um coronel ou algo assim.
No ano seguinte, ao revirar umas edições passadas da revista
Época, defrontei-me com o artigo
Longe de Berlim, fora do Mundo e o nome do autor logo atiçou minha memória. Surpreendi-me ao vê-lo chamado filósofo. Era a primeira vez que via um brasileiro das humanidades com tais posturas antiesqurdistas. Começei a acompanhá-lo com mais regularidade até que, no dia 24 de Julho de 2000, lendo uma reportgem sobre o comunismo numa edição da citada revista, leio logo a seguir
A velha alucinação. Foi tiro e queda: bastante ácido, inteligente e honesto, este artigo do filósofo é um golpe pesado contra o comunismo e impressionou-me deveras. Foi um poderoso contra-ataque ao que eu aprendia na escola. Foi a partir daí que passei a acompanhá-lo seriamente.
E lá estava eu, lendo seus artigos todas as semanas em Época. Meses depois, numa livraria, encontrei acidentalmente
O Futuro do Pensamento Brasileiro. Estudos sobre o Nosso Lugar no Mundo. Comprei-o imediatamente e nele descobre que Olavo de Carvalho é muito mais do que um crítico do comunismo; é um autêntico intelectual, nas boas acepções do termo. Foi o primeiro de muitos:
O Jardim das Aflições, O Imbecil Coletivo I, Aristóteles em Nova Perspectiva, e outros. Pouco depois descobri seu site na Internt e isso foi um deleite intelectual para mim. Não só em quantidade mas também em qualidade, tudo aquilo me impressionou positivamente. Era mesmo muita coisa boa o que ali havia e há.
Através de Olavo de Carvalho conheci outros sites interessantes como
O Indivíduo,
WND,
MSM, Lew Rockwell ou o
Seventh Seal. Foi ele quem me apresentouautores como Mário Ferreira dos Santos, Miguel Reale, Eric Voegelin, Ludwig von Mises, Roger Scruton, Ângelo Monteiro e Bruno Tolentino. Foi com Olavo que conheci bem temas como a paralaxe cognitiva, a dialética erística, a revolução gramsciana, a Religião Comparada, o Foro de São Paulo, o politicamente correto e o mundialismo. Digo, enfim, sem nenhum receio, que a minha vida intelectual (algo mais que aprendi com ele) deve imensamente ao trabalho de Olavo de Carvalho há uns 9 anos.
A filosofia de Olavo de Carvalho centra-se na defesa da consciência individual frente à tirania da colectividade, sobretudo quando baseada numa ideologia dita "científica". Segundo ele, a objetividade do conhecimento e a autonomia da consciência individual estão inseparavelmente ligados, ligação esta que é perdida quando o conhecimento só é considerado seguro quando é reduzido ao academicismo. Sustentando que a principal guarida da consciência individual contra a alienação e a coisificação se encontra nas antigas tradições religiosas, o filósofo de Campinas analisa os problemas da cultura atual à luz destas tradições.
Embora eu reconheça nele algumas faltas que se tornaram mais claras para mim nos últimos anos - brigas nem sempre necessárias, desrespeito a alguns importantes membros da Igreja, uso de uma linguagem nem sempre recomendável em seu programa True Outspeak, algum feitichismo intelectual que complica a vida, negativsmo em relação ao Brasil, etc - penso que o saldo final de sua obra é e será positivo, já que seu trabalho não está ainda concluído. Penso que, se houver uma renovação e mesmo um robustecimento da intelectualidade brasileira nas próximas décadas, essa renovação em muito deverá ao trabalho do filósofo Olavo de Carvalho.
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