"Aconteça o que acontecer com as ciências físicas, com a música, a pintura e a arquitetura, como tratei de demonstrar, a literatura está condenada se a liberdade de expressao morre. Nao está condenada somente nos países que mantêm uma estrutura totalitária; qualquer escritor que adote uma perspectiva totalitária, que encontre justificativas para a perseguiçao e para a falsificaçao da realidade, destrói-se a si mesmo como escritor. Nao existe saída para esse problema. Nao valem as diatribes contra "o individualismo" e "as torres de marfim", nao valem os dogmáticos tópicos do tipo "a verdadeira individualidade somente é alcançada através da identificaçao com a comunidade", nada disso pode ignorar que uma mente oprimida é uma mente desperdiçada. Ao menos que a espontaneiedade apareça, de um modo ou de outro, a criaçao literária é impossível, e a linguagem mesma se ossifica. No futuro, se amente humana se transforma em algo diferente do que é hoje, talvez aprenderemos a separar a criaçao literária da honestidade intelectual. Hoje em dia sabemos que a imaginaçao, como em certos animais selvagens, nao pode crescer em cativeiro. O escritor ou o jornalista que negue esse dado- quase todo o atual apoio à URSS contêm essa negaçao- está exigindo sua própria destruiçao."
George Orwell, escritor inglês, no ensaio Em Defesa da Literatura.
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