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!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> Nova Mensagem: Adeus, Bandeira Vermelha

Nova Mensagem

Fábio V. Barreto

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terça-feira, março 22, 2005

Adeus, Bandeira Vermelha

Adeus, Bandeira Vermelha

Yevgeny Yevtushenko
Não morra antes de morrer
Editora Record, Rio de Janeiro, 1999

"Adeus, Bandeira Vermelha.
Tu desceste do alto do Kremlin
sem muito orgulho
sem o mesmo jeito
com que subiste, tantos anos atrás,
no Reichstag destruído,
silencioso como Hitler, sem um ruído.

Adeus, Bandeira Vermelha
Foste nossa irmã e inimiga.
Foste a camarada de um soldado nas trincheiras,
foste a esperança de toda uma Europa capturada,
Porém, como uma cortina vermelha, ocultaste atrás de ti
o Gulag
repleto de corpos mortos, congelados.
Por que o fizeste, Bandeira Vermelha?

Adeus, Bandeira Vermelha.
Repouse um pouco.
Descanse.
Nós nos lembraremos das vítimas
enganadas por teu doce canto rubro
que atraíram milhões como carneiros
direto para o matadouro.

Mas também lembraremos de ti
porque tu não foste
menos enganada.
Adeus, Bandeira Vermelha
Não passaste de uma romântica centelha?

Tu te encheste de sangue
e com o nosso sangue lhe retiramos
das nossas almas.
É por isso que não podemos limpar
as lágrimas de nossos olhos vermelhos,
porque, com tanta fúria,
neles bateste,
com teu forte pendão dourado.

Adeus, Bandeira Vermelha.
Nosso primeiro passo para a liberdade
foi tomado, estupidamente,
sobre tua seda maculada,
e sobre nós mesmos,
divididos pelo ódio e pela inveja.
Ei, povo,
não vá pisar na lama outra vez
sobre os óculos quebrados
do Doutor Zhivago.

Adeus, Bandeira Vermelha.
Abra esta mão
que te aprisionou
e te vez brandir algo rubro sobre a Guerra Civil,
enquanto os vigaristas tentam se agarrar
aos teus velhos padrões,
ou pessoas tão-somente desesperadas
ficam nas filas da esperança.
Adeus, Bandeira Vermelha.
Estás desfraldada em nossos sonhos.

Agora és apenas
uma pequena listrana bandeira russa tricolor.
Nas mãos inocentes do branco,
nas mãos inocentes do azul
talvez até a tua cor vermelha
possa ser limpa do sangue que derramou.

Adeus, Bandeira Vermelha.
Cuidado, bandeira tricolor.
Cuidado com os tubarões das bandeiras,
aqueles que em ti limpam dedos sujos.
Será possível que tu também
receberás a mesma sentença de morte
de tua irmã vermelha,
alvejada por nossas próprias balas,
tua seda devorada
pelos vermes?

Adeus, Bandeira Vermelha.
Em nossa infância inocente
brincávamos de Exército Vermelho contra o –
Exército Branco.

Nascemos num país
que não mais existe.
Mas naquela Atlântida éramos vivos,
éramos amados.
Tu, Bandeira Vermelha, agora jazes numa poça,
num mercado de pulgas.
Certos vigaristas te vendem
em troca de moeda forte.
Dólares, francos, ienes.
Eu não tomei o Palácio do Czar.
Não invadi o Reichstag de Hitler.
Não sou o que tu chamarias de "um comuna".
Mas te acaricio, Bandeira Vermelha,
e choro."

Esse belíssimo poema anticomunista eu peguei com meu amigo orkutiano Marco Aurélio Torres Antunes. Sei que os esquerdistas do meio literário não vão gostar, mas que é verdade, é.
 
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