Olavo de Carvalho na Revista Atlântico
No fim de janeiro decidi comprar o número do mês da revista Atlântico, uma revista portuguesa de debates culturais. Busquei-a, basicamente, porque sabia que o Pedro Sette Câmara havia publicado um artigo nela. Um bom artigo, sobre a CPMF, como vi depois. Mas checando o índice, vi que havia uma entrevista...ao Olavo de Carvalho! Fiquei surpreso e feliz. E mais feliz fiquei ao lê-la. O Bruno Garschagen fez uma bela entrevista, que eu compartilho com vocês. Aí vão uns trechos:
O que é e há quanto tempo desenvolve os estudos sobre a mente revolucionária?
É uma longa história. Esse estudo surgiu da confluência mais ou menos acidental de duas investigações independentes que eu vinha desenvolvendo desde os anos 80. A primeira diz respeito às definições de direita e esquerda. Por um lado, havia uma tendência, na mídia e nos debates públicos em geral, de minimizar ou até negar explicitamente a diferença entre direita e esquerda. Essa tendência tornou-se ainda mais forte depois da queda da URSS. Por outro lado, a esquerda assumia cada vez mais orgulhosamente sua identidade, ao mesmo tempo em que a sua influência política se tornava cada vez mais dominante. A direita, por seu lado, se encolhia numa timidez abjecta, negando sua própria existência, escondendo-se sob o rótulo de “centro” e copiando cada vez mais o vocabulário e a forma mentis da esquerda.
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Denomino paralaxe cognitiva o deslocamento, às vezes radical, entre o eixo da construção teórica de um pensador e o eixo da sua experiência humana real, tal como ele mesmo a relata ou tal como a conhecemos por outras fontes fidedignas. Raro e excepcional na Antiguidade e na Idade Média, esse deslocamento começa a aparecer com frequência cada vez mais notável a partir do século XVI, dando a algumas das filosofias modernas a aparência cómica de gesticulações sonambúlicas totalmente alheias ao ambiente real em que se desenvolvem.
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O salazarismo foi uma estranha mistura de conservadorismo cristão com elementos extraídos do fascismo, o qual é, sem a menor sombra de dúvida, uma ideologia revolucionária. A característica das ideologias revolucionárias é ter um “projecto de sociedade”, em vez de respeitar a sociedade existente e tentar aperfeiçoá-la na medida modesta das possibilidades humanas e com a cautela que a prudência recomenda.
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Fico contente em ver um intelectual do porte de Olavo de Carvalho ter a oportunidade de ser ouvido noutro país. Espero que ele seja cada vez mais divulgado mundo afora.
Marcadores: Cultura, Olavo de Carvalho, Portugal
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