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!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> Nova Mensagem: RECORDANDO 2005 (Parte 2)

Nova Mensagem

Fábio V. Barreto

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domingo, junho 04, 2006

RECORDANDO 2005 (Parte 2)

"MENSALÃO - Acuado com as denúncias dos esquemas de corrupção nos Correios, o então deputado Roberto Jefferson denuncia o esquema do mensalão em entrevista à Folha de São Paulo, em um duro golpe no governo Lula e no Partido dos Trabalhadores, legenda que até então se dizia dona do monopólio da ética e da moral. Segundo Jefferson, o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pagava mesada de R$ 30 mil a congressistas do PL e do PP. Mas a palavra "mensalão" não era novidade para muitos parlamentares: em setembro de 2004, Miro Teixeira, ex-ministro das Comunicações, teria denunciado o pagamento de mesadas em entrevista ao Jornal do Brasil, mas depois negou as declarações. O líder do PSDB na Câmara, deputado Alberto Goldman (SP), previu ligação entre os esquemas de corrupção nos Correios e o de compra de votos. "A origem dos recursos para o pagamento de mesadas podem ser oriundos de órgãos públicos", explicou. Essa tese acabou sendo comprovada meses mais tarde pela CPI dos Correios.
DIRCEU, O CHEFE DO MENSALÃO - O Congresso parou no dia 14 para ouvir o depoimento do deputado Roberto Jefferson (RJ) ao Conselho de Ética. Durante mais de seis horas, o petebista confirmou as denúncias do mensalão - prática, segundo ele, inédita na história da República. Ele acusou ainda o PT de usar doleiros para financiar o PTB e denunciou que seis ministros de Lula foram informados sobre a mesada paga por Delúbio Soares. Também neste dia o Brasil conheceu um personagem-chave no escândalo: o publicitário mineiro Marcos Valério, que "emprestou" R$ 55 milhões ao PT para financiar o esquema do mensalão. Segundo o ex-deputado, o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, era o chefe desse esquema. "Dirceu, se você não sair rápido daí [do Planalto], fará de Lula réu", avisou Jefferson. Dirceu entendeu o recado e deixou o cargo dois dias depois. Vale lembrar que Lula já havia chamado Jefferson de "parceiro" e teria dito que daria um cheque em branco a ele. Então, nesse dia 14, o deputado resolveu descontar o tal cheque.
CPI INSTALADA - Apesar da operação-abafa promovida pelo governo, o Congresso conseguiu instalar a CPI dos Correios, um mês depois das denúncias que atingiram a gestão petista. Seis meses após o início das investigações, o relator Osmar Serraglio (PMDB-RS) apresenta relatório parcial comprovando a existência do mensalão.
HOMEM FORTE CAI - José Dirceu deixou a Casa Civil no dia 16 para, supostamente, se defender das acusações de Roberto Jefferson. Ele reassumiu seu mandato de deputado federal, mas acabou cassado em novembro por ter chefiado o esquema do mensalão. Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), Dirceu teria sido mais útil ao país se tivesse voltado para a Câmara na seqüência do escândalo Waldomiro Diniz, no início de 2004.
JEFFERSON DEPÕE DE NOVO - Após as denúncias sobre o esquema do mensalão, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) depõe durante seis horas na CPI dos Correios. É a primeira vez que o petebista se refere à agência do Banco Rural, no nono andar do Brasília Shopping, onde ocorria parte dos pagamentos do esquema de corrupção. Horas depois, a acusação foi confirmada em reportagem do Jornal Nacional. Até então, as denúncias de Jefferson haviam derrubado o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e três diretores de Furnas. A lista aumentaria mais tarde, derretendo o que um dia foi chamado de núcleo duro do governo petista.
APARECE EMPRÉSTIMO DO BMG - Reportagem da revista Veja no primeiro final de semana de julho mostra que a relação PT-Marcos Valério era mais estreita do que se imaginava. Documentos do Banco Central reproduzidos pelo semanário atestam que um "empréstimo" de R$ 2,4 milhões feito pelo partido junto ao BMG em 2003 foi avalizado pelo empresário Marcos Valério. O operador do mensalão chegou a quitar parcelas atrasadas em nome do PT. O empréstimo, se descobriu mais tarde, fazia parte de uma série de operações financeiras lastreadas por Valério e, em última instância, financiadas com recursos públicos. Até então as empresas do operador do mensalão tinham faturado R$ 150 milhões em contratos com estatais
AS PROVAS DO MENSALÃO - Cruzamento de dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) divulgado no dia 4 mostrou coincidências de data entre saques de Marcos Valério no Banco Rural e votações importantes para o governo Lula no Congresso. Saques feitos um dia antes e dois dias depois da aprovação da reforma tributária somaram R$ 1,2 milhão. Já na apreciação da MP do mínimo, saíram das contas de Valério um total de R$ 700 mil. Para dar status de ministro ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, Valério teria desembolsado R$ 480 mil. Se alguém ainda tinha dúvidas sobre a existência do mensalão...
VALÉRIO DISCUTIA CARGOS - Em nota divulgada dia 5, o então líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), confessa ter negociado a distribuição de cargos no governo Lula com o empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão. Ou seja, uma tarefa governamental foi assumida por um deputado e um empresário. Para o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), ficou a impressão de que "uma quadrilha resolveu entre si distribuir cargos do Estado".
FITAS DO CASO CELSO DANIEL - Veiculado pela TV Bandeirantes, o Jornal da Noite divulga gravações que apontam para uma tentativa de abafar as investigações sobre o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, ocorrido em janeiro de 2002. Aparecem nas conversas o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, e o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra - acusado pelo Ministério Público de ser o mandante do crime. As fitas reapareceriam meses depois em sessão da CPI dos Bingos, mostrando que o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), designado pelo PT para acompanhar o caso, teria orientado depoimentos de envolvidos.
A QUEDA DE DELÚBIO - Abatido pela descoberta do esquema do mensalão, o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, amigo do peito do presidente Lula, se afasta do cargo. O petista resistia a deixar o posto desde 14 de junho, quando Roberto Jefferson depôs no Conselho de Ética e o acusou de pagar o mensalão.
INSTALADA CPI DO MENSALÃO - Acordo entre a oposição e a base aliada do governo Lula garante a instalação da CPI mista do Mensalão. Com isso, os petistas desistiram de aprovar o pedido de abertura de uma comissão restrita à Câmara. Numa clara tentativa de desviar o foco das investigações, os parlamentares do partido do presidente Lula pediram a apuração também da suposta compra de votos na aprovação da emenda da reeleição em 1997, acusação que acabou sem provas. O que se confirmou foi a existência do mensalão, que o deputado Julio Redecker (RS) descobriu mais tarde tratar-se de uma "semanada".
R$ 20 MILHÕES DO BB PARA PT - Intrigado com curioso empréstimo de R$ 20 milhões do Banco do Brasil (BB) para o PT, o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), entra no dia 6 com representação no Ministério Público para que o caso seja investigado. A operação ocorreu em 2003 e 2004. A dívida do PT atingia então R$ 28 milhões, somando o empréstimo do BB àqueles de que se tinha notícia, feitos junto aos bancos Rural e BMG. Como, ao final de 2004, o patrimônio líquido do partido era negativo em R$ 24 milhões, nem se vendesse todos os seus ativos o PT seria capaz de honrar os débitos.
VALÉRIO NA CPI DOS CORREIOS - O primeiro depoimento do operador do mensalão deu a tônica do que seriam todos os outros: contradições e esquivas. Ele se recusou a explicar o destino de R$ 20 milhões em espécie sacados no Banco Rural e deixou buracos em suas explicações sobre a forma de pagamento de seus fornecedores. O crescimento de 61 vezes do seu patrimônio após virar amigo de Delúbio estarreceu os deputados. O tucano Eduardo Paes (RJ) foi previdente ao dizer que "Valério é o PC do PT", ao fazer referência a Paulo César Farias, homem por trás da operação Uruguai e tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor. Viu-se revelado, mais tarde, que as operações de Valério também alcançaram o exterior, como mostra o pagamento do publicitário Duda Mendonça feito em conta nas Bahamas.
KARINA SOMAGGIO ENTREGA O CHEFE - Em seu depoimento à CPI dos Correios no dia 7, a ex-secretária de Marcos Valério afirmou que o operador do mensalão mantinha contatos freqüentes com a alta cúpula do PT. Segunda ela, motoboys faziam grandes saques em dinheiro, que eram entregues a Geisa dos Santos e Simone Vasconcelos, funcionárias da SMPB. As duas eram responsáveis, segundo Somaggio, por parte dos pagamentos do mensalão. Simone confirmou os pagamentos em depoimento à CPI.
LAND ROVER - O ex-secretário geral do PT, Silvio Pereira, admite ter ganho uma Land Rover de mais de R$ 70 mil da GDK, empresa acusada de ter superfaturado contratos de R$ 160 milhões com a Petrobras.
FILHO DE LULA BENEFICIADO - No dia 8, vêm à tona os negócios suspeitos entre a Telemar, uma das maiores beneficiárias de empréstimos do BNDES, e a Gamecorp, que tem um dos filhos do presidente Lula, Fábio Luís Lula da Silva, como sócio. Em janeiro deste ano, a telefônica investiu R$ 5 milhões na empresa de "Lulinha". Metade do valor por meio de uma operação complexa, que para especialistas tinha um objetivo: evitar que a sociedade viesse a público. O negócio foi intermediado pela Trevisan Auditores, cujo sócio principal é Antoninho Marmo Trevisan, amigo de Lula. Para o presidente, que disse não ter nada a ver com os negócios do filho, não há também nada errado neste tipo de negócio.
ACUADO, GENOINO RENUNCIA - Sob uma saraivada de denúncias, o então presidente do PT, José Genoino (PT-SP), finalmente deixa o cargo no dia 9. O petista resistiu à descoberta do mensalão e às versões contraditórias sobre sua assinatura como avalista no empréstimo de R$ 2,4 milhões que o partido tomou junto ao BMG. Primeiro disse que não havia empréstimo. Após denúncia da imprensa comprovando a assinatura dele, afirmou que assinou o documento sem ler. Mas o bravo petista acabou abatido pelo escândalo da cueca. José Adalberto Vieira da Silva, assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães, irmão de Genoino, foi preso no aeroporto de Congonhas com uma mala com R$ 200 mil e US$ 100 mil escondidos na cueca. Para o MP cearense, o dinheiro veio de propina.
OPOSIÇÃO VAI AO TSE - Dia 9, PSDB e PFL requerem ao Tribunal Superior Eleitoral a suspensão dos repasses do fundo partidário ao PT. A medida foi tomada após a confissão do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares de que financiou as campanhas de 2004 de seu partido e de legendas da base aliada com caixa dois, em claro desrespeito à Lei Orgânica dos Partidos Políticos. Novo pedido é feito pelo senador Alvaro Dias (PR) no dia 20 de setembro. Dessa vez, por uso irregular do fundo partidário. Passagens aéreas e outras despesas de parentes de dirigentes do partido ou filiados à legenda, inclusive do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, foram pagas com recursos públicos direcionados ao partido. O dinheiro foi usado até para a compra de pizzas.
CAI O PRIMEIRO MENSALEIRO - Acusado pelo deputado Roberto Jefferson de ser um dos beneficiários do esquema do mensalão, o presidente do PL, deputado Valdemar da Costa Neto (SP), renuncia ao mandato no dia 1º. Em seu discurso, o mensaleiro afirmou que o dinheiro recebido do valerioduto foi usado na campanha de 2002. Em acareação realizada pela CPI do Mensalão, Valdemar disse que os R$ 6,5 milhões que admitia ter recebido foram usados para bancar material de propaganda de Lula no segundo turno da campanha presidencial daquele ano. Além disso, Valdemar embolsou R$ 1,2 milhão em três cheques da agência de publicidade SMPB. Valério afirma ter pago ao ex-deputado R$ 10 milhões. Até hoje, nenhum dos dois explicou onde foi parar a diferença.
"NUNCA FUI ARROGANTE" - O então deputado José Dirceu (PT-SP) saiu-se com essa em seu depoimento no Conselho de Ética, na tentativa de defender-se das acusações de ser o mentor do mensalão. A risada geral no plenário prenunciava o futuro do hoje "humilde" deputado cassado.
CONSULTOR DO PRESIDENTE - Durante o depoimento, Dirceu ficou frente a frente com o inimigo declarado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que fez nova acusação. Dirceu teria promovido aproximação entre o presidente Lula e a Portugal Telecom para levantar recursos para o PTB e o PT. Era a primeira vez que Jefferson atacava Lula diretamente. Descobriu-se depois que representantes da empresa foram recebidos na Casa Civil e em audiência com o presidente. Em Portugal, o ex-ministro de Obras Públicas Antonio Mexia recebeu o empresário Marcos Valério "na condição de consultor do presidente Lula", a pedido do presidente da multinacional. Valério estava em companhia do tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri. As transações permanecem obscuras hoje.
PETISTA PEGO NO FLAGRA - O deputado Julio Redecker (RS) flagra o então vice-presidente da CPI do Mensalão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), entrando no carro de Marcos Valério. Após o encontro, Pimenta divulgou uma lista falsa e apócrifa com supostos beneficiários do valerioduto. Pimenta afirmou ter recebido a lista das mãos de Valério. A versão foi desmentida pelo advogado do empresário. Pimenta disse então que a lista teria origem em processo do TSE, mas o tribunal negou. Era mais uma das muitas operações do governo para dificultar as investigações sobre o esquema do mensalão. Menos de 48 horas depois de ter protagonizado uma das cenas mais suspeitas da atual crise política, Pimenta renuncia ao cargo na comissão.
OKAMOTO PAGA DÍVIDA DE LULA - O presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, ex-tesoureiro da campanha de Lula em 1989, anuncia que pagou com recursos próprios uma dívida de R$ 29.436,26 do petista com o partido. O empréstimo contraído em 2001 foi pago em três parcelas. Mais do que o desvio de finalidade, já que o valor era proveniente do fundo partidário, o que complicou a situação foram as versões contraditórias dos envolvidos. Lula disse que não reconhecia a dívida com o PT que, segundo ele, tinha mesmo é que pagar suas viagens. Já a Executiva Nacional do partido confirmou o pagamento da dívida, o que foi comprovado por extratos da conta do partido no Banco do Brasil. O problema é que os mesmos extratos indicavam o próprio Lula como a origem dos depósitos. A origem do pagamento até hoje não ficou clara. Suspeita-se que a versão tenha sido montada para ocultar a verdadeira origem dos recursos usados para saldar a dívida: o valerioduto.
CONEXÃO BAHAMAS - Em depoimento à CPI dos Correios, o publicitário Duda Mendonça, marqueteiro da campanha de Lula em 2002, afirma ter recebido R$ 10 milhões do caixa dois petista por meio de uma conta nas Bahamas, um paraíso fiscal. Já o empresário Marcos Valério afirmou ter repassado cerca de R$ 15 milhões ao publicitário. Os recursos depositados na conta Dusseldorf, aberta por Duda, vieram de bancos distintos e de diferentes países num claro indício de lavagem de dinheiro. O deputado Gustavo Fruet (PR) chegou a se preparar para ir aos Estados Unidos negociar o acesso a documentos da Procuradoria de Nova Iorque sobre a conta de Duda. Mas o governo Lula atuou para atrasar as investigações. Suspeita-se, por exemplo, que os petistas tenham desencorajado a liberação dos dados para a CPI. Já o Ministério da Justiça recebeu oito caixas com documentos que chegaram ao país no início de novembro. Um claro indício de que houve uma operação-abafa é o fato de as informações não terem sido repassadas até hoje à comissão.
REPÚBLICA DE RIBEIRÃO PRETO - O advogado Rogério Buratti, assessor do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, quando o petista era prefeito de Ribeirão Preto, depõe no Ministério Público dia 18. Em troca da delação premiada, entrega o esquema de propina montado na prefeitura para abastecer o caixa dois petista. Segundo o advogado, Palocci recebia R$ 50 mil mensais de empresas de coleta de lixo da região. De lá para cá, o ministro deu coletiva, compareceu três vezes ao Congresso, mas ainda não explicou em profundidade o vasto esquema de corrupção montado pela chamada "República de Ribeirão Preto", como ficou conhecida a turma de amigos e ex-assessores do ministro na prefeitura da cidade paulista. Palocci conseguiu evitar sua ida à CPI dos Bingos, mas deve ser obrigado a comparecer no máximo até fevereiro.
 
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