Davos esquece Brasil e vê China como potência
Assis Moreira De Davos (Suíça)
Assis Moreira De Davos (Suíça)
A China, tratada como potência mundial no Fórum de Davos, causa cada vez mais medo para muitos. Crescem os temores de reações protecionistas por parte dos Estados Unidos e da União Européia (UE) diante da expansão chinesa. Stephen Roach, economista-chefe do Morgan Stanley, disse que os chineses tem superávit de US$ 300 bilhões com os EUA e a UE e importa justamente US$ 300 bilhões dos seus vizinhos da Ásia e não de americanos e europeus. Laura Tyson, diretora da London Business School, afirmou que há uma dificuldade nos EUA de se entender a interdependência entre o país e a China e que a maioria vê Pequim como ameaça. "Esse é o perigo", disse. Já Min Zhu, um dos diretores do Banco da China, o quarto maior do país, disse que a Europa e o Japão não são mais motores da economia mundial e a China sim.
É nesse cenário que 25 ministros estarão amanhã em Davos para tentar desbloquear as negociações da Rodada Doha para liberalizar o comércio global. No debate de abertura em Davos, sobre o estado da economia mundial, ninguém sequer mencionou o Brasil. O investidor George Soros deu um suspiro profundo ao ser indagado se o país estava fora do radar global. "Não, não é isso, é que o mundo depende da China", respondeu.
Para Soros, o crescimento "baixo" do Brasil poderia provocar agitações e não é menor graças à demanda chinesa. O presidente mundial da Nestlé, Peter Brabeck, ao ouvir as cifras de Pequim, comentou: "O Brasil tem potencial para crescer muito mais do que faz, mas, enfim, deve ter suas razões para essa expansão atual."
Lawrence Summers, presidente da Universidade de Harvard e ex-secretário do Tesouro americano, considera que o melhor para o Brasil é não ser falado em Davos, porque quando isso acontece é normalmente para tratar de crises reais ou potenciais no país.
Depois do anúncio de que a economia chinesa cresceu 9,9% ano passado e tornou-se a quarta maior do mundo, um dos dirigentes do Partido Comunista chinês, Cheng Siwei, disse que o plano agora é de uma expansão "moderada" de 8% ao ano. Mas Zhu, do Banco da China, alertou que o crescimento chinês é subestimado nos cálculos oficiais. É que os técnicos calculam a produção de mercadorias, mas deixam de fora muitas áreas do setor de serviços.
Para Jacob Frankel, vice-presidente do American International Group (AIG), as autoridades precisam do atual ritmo de crescimento para arranjar emprego para milhões de pessoas. Zhu lembrou que 300 milhões de chineses estão na zona rural à espera de uma oportunidade de trabalho. Os outros debatedores concordaram que o modelo chinês de crescimento baseado na exportação e nos investimentos diretos estrangeiros não é suportável por muito tempo.
Fonte: Jornal Valor Econômico.
É, o Brasil, de fato, é o país do futuro...
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